Uso do celular nas escolas: Lei aprovada e direito de pais e alunos

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou o Projeto de Lei 293/2024, que altera a legislação atual, vigente desde 2007, para regulamentar o uso de celulares nas instituições de ensino. O projeto, de autoria da deputada estadual Marina Helou (Rede) e com coautoria de mais 40 parlamentares foi aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Alesp em outubro. A medida visa restringir o uso de celulares, tablets e outros dispositivos eletrônicos durante o horário de aulas e intervalos, exceto em casos específicos, como atividades pedagógicas autorizadas pelo professor e emergências.

A nova legislação se fundamenta na ideia de que o uso indiscriminado dos celulares pode comprometer a concentração dos alunos e prejudicar o aprendizado, além de facilitar a prática de bullying e até mesmo a disseminação de conteúdos impróprios. Dessa forma, a lei busca criar um ambiente escolar mais focado na interação presencial, no diálogo e no aprendizado, longe das distrações proporcionadas pelo uso excessivo da tecnologia.

Os Direitos dos Pais e dos Alunos

Apesar dos objetivos pedagógicos e de segurança, muitos pais e até mesmo alunos têm questionado a constitucionalidade da restrição. Eles argumentam que, em tempos de tecnologia avançada, os dispositivos móveis podem servir como ferramentas de auxílio educacional, oferecendo acesso rápido à informação e possibilitando o desenvolvimento de habilidades digitais. Além disso, para alguns pais, o celular é uma forma de monitorar a segurança dos filhos, especialmente nos trajetos para a escola.

Diante desse cenário, surge a dúvida: pais ou alunos poderiam acionar a Justiça contra a proibição? No Brasil, é possível contestar uma lei em instâncias superiores, como o Tribunal de Justiça do Estado ou até o Supremo Tribunal Federal (STF), caso acreditem que uma legislação fere direitos fundamentais previstos na Constituição, como o direito à educação e à segurança. Para tanto, seria necessário argumentar que a proibição é desproporcional ou desnecessária para atingir os objetivos propostos.

Possibilidade de Ações Judiciais

No entanto, para que uma ação judicial prospere, é necessário demonstrar que a norma causa prejuízo concreto. Se um aluno precisar do celular por motivos educacionais e houver recusa da escola sem justificativa plausível, por exemplo, poderia haver espaço para uma discussão judicial. Além disso, pais podem argumentar que a proibição prejudica a comunicação em situações emergenciais.

Por outro lado, escolas públicas e particulares têm certa autonomia para estabelecer regras que preservem o ambiente educativo. A lei visa proteger o direito coletivo à educação em um ambiente sem distrações, e a Justiça tende a apoiar restrições que promovam o bem-estar coletivo dos alunos.

Assim, embora a possibilidade de questionamentos judiciais exista, a expectativa é que as instituições de ensino e os familiares encontrem alternativas e meios de diálogo, conciliando a importância de um ambiente de aprendizado focado e as necessidades individuais.

“Procure sempre um Advogado para saber os seus direitos.”

Andreia Paiva Monteiro

Advogada Especialista em Direito Previdenciário, Direito e Processo do Trabalho, Direito e Processo Civil, Direito Imobiliário, Contratos, Membro da Comissão de Conciliação e Mediação, Comissão de Direito Imobiliário, Subseção Mauá.

Um comentário sobre “Uso do celular nas escolas: Lei aprovada e direito de pais e alunos

  1. Eu acredito que os excessos nunca são bons. Os extremos Não levam a lugar algum.
    Com o advento da tecnologia, atualmente o celular virou ferramenta de trabalho, faz parte da vida cotidiana. O que precisamos é de moderação. Todos esses argumentos de uso indiscriminado, bullying etc fazem parte da libertinagem dos excessos.
    As escolas pararam no tempo, Não se atualizaram, lembro de estar na faculdade de engenharia na década de 90 e o professor de calculo proibir o uso de calculadora científica, alegando que ele usou régua de calculo na época dele e que nós deveríamos fazer as contas na mão, ou com calculadora simples. Apenas porque ele Não conhecia os recursos daquela tecnologia e Não sabia nos ensinar como usar, mas nós sabíamos usar apenas precisávamos que nos fosse permitido o uso.
    Estamos passando por algo semelhante, Não saber moderar o uso, sabe como na embalagem de cigarros ou bebidas que vem a frase “USE COM MODERAÇÃO”, bem assim.
    Vamos aprender com quem sabe, se existem tantos recursos que usamos para trabalhar, porque Não ensinar a usar desde a escola?

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