Caro leitor,
A pandemia de coronavírus e suas consequências econômicas já renderam a 2020 muitas comparações às mais famosas distopias da literatura e do cinema, fora os memes e piadinhas sobre como no futuro as coisas podem ficar ainda piores. Eu sempre me lembro do tuíte do @marcurelio:“‘Na época do corona…’
[pausa longa]
[olhar perdido]
‘Ê, época boa! Se eu soubesse o que ia vir depois, teria aproveitado mais…’
[mastiga a barata, pensativo]”Brincadeiras cínicas à parte, se antes já era difícil tentar prever o futuro – com o mundo em franca desaceleração econômica, a ascensão de líderes populistas e uma nova realidade de juros e inflação extremamente baixos – agora a visão ficou ainda mais embaralhada.
A gestora global Pimco – uma das maiores do mundo, com quase US$ 2 trilhões sob gestão – aceitou o desafio e publicou, nesta quarta, seu relatório “Secular Outlook”, em que projeta o cenário para investimentos nos próximos três a cinco anos.
A visão da gestora não é a das mais otimistas. Eu poderia comparar o mundo projetado pela Pimco a uma das já citadas distopias, mas fazer isso a essa altura do campeonato seria um pouco cafona.
Basta dizer que, para a Pimco, os próximos anos não devem ser muito melhores do que 2020 do ponto de vista do desafio em torno dos investimentos.
Os riscos ligados a fatores climáticos, populismo, protecionismo, nacionalismos e avanços tecnológicos devem ser exacerbados, e o investidor talvez precise baixar um pouco as expectativas quanto à rentabilidade dos ativos: os retornos serão mais baixos mesmo, e se lançar ao risco de peito aberto pode ser pior.
Julia Wiltgen