Movimentações antecipadas revelam tensões e estratégias dos principais grupos políticos de Ribeirão Pires.
Por Márcio Prado – Peninha
Apesar de a próxima eleição ser nacional — voltada aos cargos de deputados, senadores, governadores e presidente — permanece aquecida a discussão sobre quais caminhos levarão ao Paço Municipal de Ribeirão Pires em 2028. A antecipação do debate expõe tensões internas, estratégias silenciosas e movimentações nos bastidores que prometem moldar a sucessão municipal.
A aposta de que Gabriel Roncon (PP) poderá perder espaço no eleitorado ganhou força após a circulação, nos bastidores, de uma pesquisa que o coloca em primeiro lugar, porém com vantagem numérica muito abaixo do esperado. O fato de ser o único nome a manter presença ativa e discurso político pós-eleição, somado à elevada rejeição do atual governo, acende o alerta sobre dificuldades futuras para Roncon.
De olho nessa fragilidade, Davi Caminhões tenta se consolidar como a única opção do grupo político dos Volpi. Para evitar que Clóvis Volpi — cuja preferência interna por outro nome é comentada — apoie um concorrente que comprometa seus planos, Davi busca se posicionar como o “polo inevitável” da disputa, já anunciando inclusive seu vice, Anderson Benevides (Avante).
Uma das estratégias usadas por Davi para pressionar o grupo governista é espalhar, especialmente entre servidores públicos, a narrativa de que ele já seria o “projeto escolhido” por Guto Volpi (PL). A intenção é que o tema circule dentro da máquina pública e que funcionários passem a enxergá-lo como prefeiturável, fortalecendo sua viabilidade.
O receio de Davi é que outras opções dentro do grupo governista cresçam e transformem sua candidatura numa “terceira via” — posição frágil em uma eleição sem segundo turno, como é o caso de Ribeirão Pires. Nessa configuração, a utilidade eleitoral dependeria exclusivamente de quem perderia votos para ele.
Essa estratégia não é inédita. Na eleição passada, o governo chegou a estimular a pré-candidatura de César do Canoa para tirar votos de Gabriel Roncon, mas o plano acabou abandonado.
Para o governo, a candidatura de Davi também representa risco. Uma vez declarado candidato, passa a enfrentar escrutínio público — um movimento comum em todas as disputas municipais. No entanto, sendo Davi um empresário com contratos em várias prefeituras, sua vida pública e profissional tende a ser amplamente investigada e exposta, não apenas em Ribeirão Pires, mas em todos os municípios onde mantém negócios.
Chamou atenção o fato de o nome do vereador Rato Teixeira (MDB) não ter aparecido no suposto “vazamento” de pesquisa. A ausência levantou a suspeita:
o nome realmente não foi incluído ou apenas um cenário foi estrategicamente vazado?
Enquanto isso, corre por fora, em silêncio, Rubão Fernandes (Solidariedade), vice-prefeito que teve suas indicações exoneradas por Guto Volpi, mas garante que a relação está “em paz”. Após ter flertado politicamente com Roncon na última eleição, Rubão depende agora de seu desempenho como pré-candidato a deputado federal. O resultado definirá se poderá ter protagonismo ou, ao menos, ocupar papel semelhante ao que César do Canoa tentou na última disputa: o de uma candidatura “tiradora de votos”, influenciando o equilíbrio final da eleição municipal.
