Por Pedro Barlera Gaspar
As recentes tensões militares entre Estados Unidos e Venezuela colocam em alerta os países latino-americanos — ou, ao menos, assim deveria ser. Escalada militar pode ser justificada por Washington como combate aos cartéis, mas esconde interesses geopolíticos.
Os Estados Unidos intensificaram as acusações contra Nicolás Maduro, afirmando que o presidente venezuelano lidera operações criminosas e que seu governo acoberta o grupo narcotraficante “Cartel de los Soles”. A cruzada lançada por Trump tem elevado a tensão entre os dois países: embarcações e aeronaves norte-americanas já foram mobilizadas no mar do Caribe, enquanto a Venezuela responde com alistamentos e exercícios militares, em um cenário que acentua o risco de confronto direto.
Entre os favoráveis a uma eventual intervenção na Venezuela estão os presidentes da Argentina e do Equador, aliados regionais de Washington, assim como também o presidente paraguaio. Por outro lado, o presidente colombiano se mostrou contrário, classificando o discurso como “narrativa fictícia usada para justificar a derrubada de governos”. No Senado mexicano alguns parlamentares se declararam favoráveis a uma intervenção militar americana no próprio país, postura que gerou conflito entre os legisladores. O Brasil, por sua vez, manifestou preocupação e mobilizou exercícios militares na fronteira.
O avanço estadunidense sobre seus vizinhos ocorre em meio a uma disputa por influência geopolítica. Enquanto a China expande sua presença no Sul Global por meio de acordos e parcerias comerciais, Trump busca conter a decadência hegemônica americana pela força. Após medidas como as tarifas comerciais e o controle sobre terras raras na Ucrânia, agora a atenção americana se volta para o petróleo venezuelano e para a recuperação da influência na América Latina.
