Por Marcos Brasil
Última atualização em 16/05/2025 às 11:01min
Uma reunião entre o prefeito Akira Auriani e servidores públicos municipais gerou forte repercussão nesta quinta-feira (15), após o vazamento de um áudio atribuído ao advogado do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, Dr. Carlos Zambotto. Segundo ele, a administração municipal teria convocado servidores — inclusive alguns servidores que participaram de um protesto no dia anterior — para uma conversa a portas fechadas, da qual os representantes sindicais teriam sido impedidos de participar.
De acordo com a denúncia, o encontro ocorreu sem a presença do Sindicato, o que, segundo Zambotto, configura uma prática antissindical, especialmente diante da proximidade da Sessão Extraordinária da Câmara Municipal, marcada para votar o reajuste salarial da categoria.
“A reunião ocorreu sem a presença dos representantes dos trabalhadores, o que é muito ruim para a relação entre o sindicato e a administração. O sindicato tem que ser visto como parceiro de negociação. Não entendemos o motivo da exclusão”, afirmou o advogado em entrevista à reportagem. Ele lembrou que a Constituição garante o direito à negociação coletiva, e que isso deveria ser respeitado pelo Executivo.
Ainda em entrevista, Zambotto relata que diretores do sindicato compareceram à Prefeitura após tomarem conhecimento da convocação feita pelo prefeito, mas foram barrados na entrada. “Ontem pela manhã, protocolamos um pedido de reabertura imediata das negociações, incluindo todos os itens apresentados anteriormente. No mesmo dia, soubemos que o prefeito estava chamando servidores ao gabinete, e nossos diretores, ao tentar acompanhar, foram impedidos de entrar”, contou.
Segundo o sindicato, o reajuste salarial é apenas um dos 20 itens constantes em um documento protocolado no dia 20 de março. Entre as reivindicações estão a Promoção Horizontal, pagamento de férias vencidas, licença-prêmio, diárias para motoristas que passam o dia fora da Prefeitura (como forma de custear alimentação), e adicionais de insalubridade. A maioria dessas demandas, segundo Zambotto, não depende de votação na Câmara, mas apenas do cumprimento da Lei nº 1221/99.
Além destas denúncias, professores relataram à reportagem um aumento repentino das atribuições da categoria, sem a devida formação técnica ou pedagógica para desempenhar novas funções. As críticas se intensificam diante da proposta da Prefeitura para o reajuste salarial: 2% agora, com mais 2% previstos para novembro. A categoria, por sua vez, reivindica 8% de reajuste, valor que consideram mais compatível com as perdas inflacionárias acumuladas.
O clima de tensão entre o Executivo e os servidores promete esquentar os debates na Câmara nos próximos dias. Em nota enviada ao Jornal a Prefeitura não nega o impedimento da participação sindical no encontro com os servidores, diz que “O Prefeito Akira Auriani reuniu-se com os servidores das secretarias em um encontro destinado a esclarecer pontos importantes e sanar dúvidas relacionadas ao reajuste salarial.”
Ainda segundo a nota, em nenhum momento houve ameaças, represálias ou qualquer tipo de constrangimento, ocorrendo segundo versão oficial: “de maneira formal, respeitosa e aberta”.
