Falta de representatividade no ABC Paulista: Um Mosaico Desigual nas Eleições

Em meio a um cenário eleitoral que busca maior inclusão e equidade, as cidades do ABC Paulista revelam um retrato de desigualdade preocupante. Com a aproximação das eleições, a representatividade de mulheres, negros e indígenas continua sendo um desafio significativo para a região, mostrando que, apesar de avanços legislativos, a realidade ainda está longe de ser ideal.

Mulheres: Progresso Lento

Apesar da Lei de Cotas para Mulheres, que estabelece um mínimo de 30% de candidaturas femininas, o ABC Paulista mostra uma realidade apenas um pouco mais avançada. Com um total de 858 mulheres candidatas, o percentual de 34,1% está apenas 4,1% acima do mínimo obrigatório. Entre as cidades da região, a distribuição é desigual:

  • São Bernardo do Campo lidera com 187 candidatas, representando 39,9% do total.
  • Diadema e Mauá seguem com 34,6% de candidatas, refletindo uma presença significativa, porém ainda distante da paridade de gênero.
  • Santo André, com 150 candidatas, apresenta 32,4% de representação feminina, enquanto Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra ficam atrás, com 36,2% e 37,2% respectivamente.

Esses números, embora superiores ao mínimo exigido, evidenciam uma lacuna significativa na igualdade de gênero, principalmente em um contexto onde as mulheres ocupam um papel cada vez mais central na sociedade.

A Desigualdade Racial em Números

No que tange à representatividade racial, a situação é ainda mais desafiadora. Candidatos pretos e pardos somam apenas 12,7% do total, um reflexo de profundas desigualdades históricas e estruturais. Em termos absolutos, isso significa que de 393 candidatos em Mauá, apenas 18,5% são negros, contrastando com os 7% em São Caetano do Sul, que registra a menor porcentagem de candidatos pretos.

A falta de diversidade racial é particularmente gritante em São Caetano do Sul, que, com seus 7%, demonstra uma ausência de representação proporcional à demografia da cidade. Por outro lado, Mauá, embora com uma proporção mais alta de candidatos negros, ainda enfrenta a necessidade de uma maior inclusão e presença no processo eleitoral.

A escassez de candidatos indígenas é ainda mais notável, com apenas duas figuras representativas na região: Wilson Gonçalves, do Solidariedade, em Santo André, e Elvis Presley, do Agir, em Mauá. Essa minoria reflete a falta de voz e presença de grupos indígenas no cenário político local, um tema que clama por uma maior visibilidade e engajamento.

Desafios e Perspectivas

Os dados do ABC Paulista indicam que, apesar de certos avanços, a representatividade política continua a ser um desafio multifacetado. A presença de mulheres e minorias ainda é insuficiente para refletir a diversidade real da população, sugerindo que esforços mais robustos são necessários para promover uma democracia verdadeiramente inclusiva.

A região enfrenta um paradoxo: enquanto há uma maior aceitação e formalização de candidaturas femininas, a desigualdade racial persiste de forma alarmante. O contexto eleitoral atual é uma oportunidade para refletir sobre as políticas de inclusão e para implementar medidas que garantam uma representatividade mais justa e equitativa.

O ABC Paulista, com sua diversidade e complexidade, deve se engajar na construção de um cenário político que não apenas cumpra a legislação, mas que também promova a verdadeira equidade. Só assim será possível transformar as boas intenções em uma realidade tangível e justa para todos os cidadãos.

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