Joe Biden, Trump e Kamala no novo cenário político americano

No último domingo, Joe Biden anunciou que não vai mais concorrer à reeleição nos Estados Unidos. O novo candidato democrata, que será indicado até agosto, deverá testar o favoritismo de Donald Trump, cuja candidatura se fortaleceu desde o atentado a tiros que o ex-presidente sofreu no último dia 13.
Enquanto não há definição do lado democrata, a análise das propostas de Trump é oportuna. Medidas como o corte de impostos para empresas, aumento de tarifas para importação e restrição a imigrantes já foram citadas pelo republicano.
Quais seriam os impactos de tais propostas para a economia americana?
Entenda também:
• Até quando as exportações vão ajudar a China a crescer?;
• Uma pausa nos cortes de juros europeus;
• Governo brasileiro em busca do equilíbrio do orçamento;
• O movimento nos mercados globais, por J.P. Morgan Asset Management.

“Trump 2.0”
Depois de grande especulação na imprensa, foi oficializado que Joe Biden não será o candidato democrata nas eleições americanas.
No fim de semana, Biden anunciou a desistência e declarou apoio à sua vice, Kamala Harris, para nova candidata democrata. O partido deverá decidir até agosto quem será o substituto de Biden na corrida eleitoral.
O diagnóstico das últimas semanas entre analistas políticos era de um enfraquecimento da candidatura democrata. O mau desempenho de Biden em um debate na televisão e o atentado a tiros a Donald Trump aumentaram as chances de uma vitória republicana, ainda de acordo com essa análise.
Sem uma definição do novo candidato democrata, parte da atenção está dedicada às propostas de Trump para a economia. Será que o ex-presidente deverá repetir a fórmula do seu último mandato (entre 2017 e 2020)?
A julgar pelo que o ex-presidente tem dito em entrevistas e discursos, a resposta parece ser sim. A agenda proposta é, em grande parte, uma reedição das medidas adotadas em seu primeiro governo. Os principais pontos mencionados foram:
Corte de impostos: Se eleito, o ex-presidente possivelmente renovaria em 2025 a lei que reduziu a carga tributária para cidadãos e empresas aprovada em seu primeiro mandato.
Mais tarifas de importação: Em discursos recentes, Trump citou a possível criação de um imposto extra de 10% para todos os itens comprados do exterior. Para os importados chineses, a alíquota seria maior, de 60%.
Restrições para a imigração: O ex-presidente tem prometido restringir o que ele chamou de “invasão” de estrangeiros aos EUA.
Na economia, a agenda de Trump pode ter efeitos positivos de curto prazo para o crescimento do PIB. Mas há preocupações principalmente com a inflação e com as contas públicas.
— Riscos no radar
O aumento de tarifas de importação pode causar um aumento de preços em solo americano – e não só de produtos e insumos trazidos do exterior. A tributação extra pode elevar a demanda por itens produzidos localmente isentos da incidência da nova alíquota. Dessa forma, o impacto para a inflação poderia não se limitar aos importados.
Além disso, a restrição para imigrantes pode causar uma diminuição na oferta de mão de obra, em especial no setor de serviços, que já tem lidado com uma escassez de trabalhadores e aumento de salários além da produtividade.
Por fim, o corte de impostos pode reduzir em US$ 4,5 trilhões a arrecadação do governo americano na próxima década – isso considerando apenas a manutenção da lei aprovada em 2017 e sem levar em conta uma eventual redução adicional de impostos.
Vale lembrar que existe uma preocupação em relação à trajetória das contas públicas americanas. Segundo cálculos do Escritório do Orçamento do Congresso dos Estados Unidos, a dívida pública dos EUA deve saltar para 122% em 10 anos.
Gráfico em linha mostra a trajetória da dívida americana, em porcentagem do PIB, de dezembro de 1990 até a projeção de dezembro de 2054.
Brasil
A busca pelo equilíbrio do orçamento
Na semana passada, o Congresso Nacional entrou em recesso extraoficial. A votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do próximo ano deveria acontecer antes da pausa dos parlamentares, mas isso não ocorreu.
Até o fim do recesso, o orçamento de 2025 fica indefinido.
O projeto orçamentário que foi apresentado pelo governo para ser votado estabeleceu uma meta de superávit primário zero para 2025. Mas as contas sugerem que para cumprir esse resultado será necessário fazer diversos ajustes no orçamento.
No início do mês, o ministro da Fazenda Fernando Haddad anunciou que buscará um corte de R$ 26 bilhões em despesas obrigatórias para 2025. Segundo a imprensa, o governo estuda viabilizar um pente-fino em benefícios previdenciários e assistenciais por meio de uma medida provisória, mas ainda não há detalhes.
Acreditamos que a trajetória de crescimento das despesas obrigatórias é um risco para a viabilidade do arcabouço fiscal. Não existe saída fácil: entre os gastos elevados e o teto imposto pelo arcabouço, algo terá que ceder para a conta continuar fechando.
Enquanto isso, Haddad antecipou os principais números do relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas para 2024. O ministro anunciou uma contenção de R$ 15 bilhões em despesas, sendo R$ 11,2 bilhões de bloqueio e R$ 3,8 bilhões de contingenciamento. Os números serão detalhados nesta semana.
Mercados Globais
O que está acontecendo com os mercados globais?
“Ações dos setores de bancos, indústria e saúde podem também se beneficiar do avanço da inteligência artificial”
Marina Valentini Estrategista de Mercados
Globais | J.P. Morgan
Asset Management

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