O presidente Lula continua gritando contra “juros altos” praticados pelo Banco Central. É importante ressaltar que o Banco Central do Brasil é um órgão independente das questões políticas e partidárias. Quando o presidente Lula “desautoriza” o ministro da Fazenda, Fernando Haddad e faz ataques à Roberto Campos Neto, presidente do BC, indicado por Bolsonaro, ele está também fragilizando seu próprio governo pois “Haddad é seu ministro de confiança” para liderar e se contrapor às decisões do presidente Roberto Campos Neto mas somente quando houverem circunstâncias para tal. Quando Lula fala: “a taxa de juros deve melhorar quando eu puder indicar um novo presidente do BC” não contribui para a estabilidade econômica uma vez que os setores produtivos podem perder confiança no governo e sua capacidade de manter o equilíbrio fiscal. O país mudou, os investimentos privados mudaram, a tecnologia avançou assim como os setores produtivos estão mais engajados na política e buscam maneiras para que o congresso nacional faça a defesa do investimento com a consequente geração de empregos e superávit na balança comercial brasileira. A política do Banco Central continua atrelada ao controle da inflação bem como do mercado financeiro e não é o fato de que o atual presidente Roberto Campos Neto ter sido indicado pelo governo anterior que mudará a forma e alcance de metas do órgão, goste o presidente Lula ou não. A taxa de juros praticada no Brasil estava caindo, fosse por força da política do COPOM – Conselho de Política Monetária, fosse por pressão do presidente Lula mas deve-se considerar que a 2ª hipótese é inadequada e, inclusive, acaba tendo reflexos negativos de confiança no ministro Fernando Haddad bem como na capacidade de gestão do presidente Lula. É importante que o COPOM mantenha queda da SELIC independentemente de pressões políticas pois o mercado precisa manter a retomada dos investimentos e mantendo o planejamento e investimento na produção. Juros Altos são negativos para investimentos, mas quem deve fazer tal discussão não é o presidente Lula.

Lamartine Dourado

Economista e Consultor Tributário