Por Rafael de Castro
Minha primeira memória de quando iniciei minha vida na área da cultura, há 25 anos, é do movimento criado no antigo educandário, no projeto Oficinas Culturais, e naquele momento pouco se falava em política cultural e ainda menos de política de editais, era o início de um novo processo de discussão, no Brasil e consequentemente em Mauá, no primeiro governo do Presidente Lula, já que antes só tínhamos a Lei Rouanet como o mais próximo de apoio e incentivo à cultura no país, opção bastante afastada da realidade da maioria dos artistas e pequenos produtores culturais do nosso país e na cidade de Mauá, existia o FAC – Fundo de Assistência à Cultura, ainda muito restrito aos mesmos grupos artísticos próximos ao governo municipal.
A implementação de uma política de editais exige muita responsabilidade por parte de nós, gestores, sendo necessário criar novos setores na Secretaria de Cultura, com este fim e com profissionais capacitados na área, o que infelizmente nem todos os gestores principais e os gestores setoriais têm se atentado para isso, mesmo se passando 20 anos do início das discussões e implementações desse processo, pois infelizmente, na maioria das cidades, a cultura ainda é usada para “encaixar” pessoas sem experiência na folha salarial do município ou Estado, o que ocasiona uma série de problemas, pois estas pessoas, geralmente estão alheias às discussões nacionais da cultura, dos movimentos culturais municipais e sem interesse na política cultural no Brasil.
Desde o golpe, em 2016, que tirou a Presidente Dilma, e depois com a eleição de um presidente inimigo da cultura o país passou por um momento de esfacelamento da gestão cultural, resgatada pela eleição para um terceiro mandato de Lula, que indicando Margareth Menezes para Ministra da Cultura, retomou a política séria de desenvolvimento cultural, adotando a implementação da política de editais, além de retomar o reconhecimento da Cultura como área para investimentos, geradora de renda e empregos, além de fundamental para a autoestima e crescimento do país.
Dito isso, vale lembrar que cabe a comunidade cultural se capacitar para responder aos editais, captar recursos, elaborar projetos, pois só da Política Nacional Aldir Blanc, teremos 5 anos, e a cada ano Mauá receberá mais de 2 milhões e meio de reais, por isso é preciso exigir que os órgãos de cultura sejam ocupados por pessoal capacitado, em parceria com seus gestores, pois a época de indicação política meramente, sem análise curricular, já é coisa do passado, pois se os prefeitos e governantes não se atualizarem quanto a cultura, corre-se o risco de perdermos recursos para a área, trazendo prejuízos irreversíveis para o setor, que impactará diretamente na economia dos municípios.
Rafael de Castro é pedagogo, ator, diretor, dramaturgo, cenógrafo e produtor cultural, coordena o projeto Fazendo da Vida um Sonho Real, no Espaço Artemis de Teatro na cidade de Mauá-SP, foi Diretor de Cultura na Prefeitura da Estância Turística de Ribeirão Pires e atualmente é Gerente de Cultura e administrador do Teatro Municipal de Mauá na Prefeitura de Mauá
