Evento reuniu toda a rede, de cerca de dois mil profissionais, em três dias de atividades
O 1º Congresso de Educação de Mauá, realizado de 24 a 26 de agosto, alcançou profissionais de toda a rede escolar em 132 eventos que incluíram palestras e exposições de trabalhos desenvolvidos em salas de aulas em oito escolas municipais.
Nas sete mesas temáticas, os palestrantes abordaram temas como: ‘Educação para o exercício da democracia e construção da cidadania’; ‘Direitos humanos, construindo a cidadania na diversidade’; ‘Currículo e formação no Ensino Fundamental’; ‘A comunicação e a tecnologia para uma sociedade democrática’; ‘Educação de jovens e adultos: direito à educação e cidadania’; ‘Alegria de educar, numa perspectiva crítica e emancipadora’; e ‘Cuidar é educar: as interações e as brincadeiras no cotidiano da Educação Infantil’.
Sobre a Educação de Jovens e Adultos, por exemplo, a palestrante foi a doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) e professora do departamento de Práticas Pedagógicas da Universidade Federal de São Carlos, Jarina Rodrigues Fernandes. A professora abordou a trajetória do estado brasileiro para a implementação da EJA e os sonhos do “chão da escola”, falando sobre a esperança numa perspectiva de organização e criticidade, falou das legislações que tratam do direito à educação e os desafios apresentados por gráficos com dados das características e evolução da trajetória destes estudantes.
A pandemia escancarou que a sociedade não estava preparada para os desafios que a educação à distância traria em termos da falta de costume sobre o uso da tecnologia no ambiente de ensino e aprendizado, ainda mais no ensino infantil. Por este motivo, a mesa temática “Comunicação e a tecnologia para uma sociedade democrática’ foi com o cientista social e mestre e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e ex-presidente do Instituto de Tecnologia da Informação e professor da Universidade Federal do ABC, Sergio Amadeu.
O professor explicou que a nossa sociedade evoluiu da Era Industrial, em que houve o aumento na velocidade para se produzir qualquer coisa, para a Era da Informação, em que tudo passa por gerar informação. Amadeu lembrou que “atualmente, os adultos usam celular para entreter as crianças, mesmo as menores. Com isso, os pequeninos passam a consumir informação sem critérios de seleção. No entanto, o mesmo ocorre com os adultos: consomem e transmitem dados pessoais conforme navegam na internet.” O professor explicou que a tecnologia atende o objetivo, principalmente, de grandes empresas internacionais do setor que dominam o mercado, inclusive nas áreas de informação e da comunicação. Ao coletarem os dados pessoais e de hábitos de consumo dos usuários das redes sociais e da internet, estas plataformas de internet conseguem definir perfis que caracterizam vários tipos de consumidores. Com estes dados, é possível fazer com que os sistemas que atuam nas redes sociais e internet enviem comandos específicos para cada perfil. A partir disso, cada usuário passa a receber informações direcionadas ao seu perfil, que ajudam no convencimento de compra de produto ou ideia. Assim está formada a sequência de instruções chamada ‘algoritmo.’
A preocupação do professor está quando “os usuários desconhecem todo este mecanismo e usufruem da internet e redes sociais sem saber do quanto isto pode comprometer seu próprio senso crítico, o que é conhecido como ‘alienação técnica’”. Amadeu explicou que o objetivo destas “plataformas é mediar relações e modular a atenção das pessoas. A partir dos dados, elas controlam a atenção das pessoas”. Com este uso sem filtro, sem saber as pessoas ficam submissas ao funcionamento do que as plataformas determinam. E isto acaba chegando à sala de aula. “A solução está na informação de qualidade”, segundo o professor.
Oito escolas municipais centralizaram a exposição de 125 trabalhos desenvolvidos com alunos da rede municipal, que envolveram desde a área de robótica, nutrição, preservação ambiental, como o Projeto Guaruzinho, brincadeiras infantis, experiências sensoriais e mais uma grande variedade de abordagens pedagógicas para assuntos do cotidiano dos alunos e profissionais da educação.
O encerramento do evento teve a apresentação de alunos de musicalização com um enredo dedicado ao educador Paulo Freire, também lembrado em vários momentos e citado na frase destaque do evento: “O conhecimento emerge apenas através da invenção e da reinvenção, através da inquietante, impaciente, contínua e esperançosa investigação que os seres humanos buscam no mundo, com o mundo e uns com os outros.”
