A RBA perguntou a pessoas de vários setores o que falta para o Brasil ser de fato um país independente.
O Brasil comemora neste 7 de setembro 200 anos de sua independência formal, com o rompimento dos laços com Portugal. Mas isso não o livrou, do ponto de vista histórico, de seu vínculo com interesses econômicos de outros países. Internamente, apesar de avanços, o país continuou negando direitos e participação à maioria. Assim, tem a desigualdade como marca crônica.
Condição cidadã
O poeta Carlos Drummond, em poema corajoso, interroga em uma estrofe ou verso – “onde Brasil” – referindo a essa ideia cultivada entre nós, de um país que a narrativa oficial busca fixar. Uma pergunta que persiste contra toda evidência. Mesmo quando se celebra a oficial data de 1822, milhões de brasileiros excluídos da mínima condição cidadã ainda sonham acordados com “um possível país do futuro“.
Ailton Krenak, líder indígena e ambientalista
Sem espaço para participação
Penso que o Brasil não é e nunca será um país independente porque historicamente negou a real participação do povo Preto no processo de independência. Essa frase de Dom Pedro nas margens do Rio Ipiranga “Independência ou Morte” nunca nos tornou realmente independentes. E falando sobre morte, até hoje e depois de tantos séculos, sabemos muito bem quem morre na luta por independência nesse país, nós Pretos e Pretas.
Nessa história do Brasil independente nunca houve espaço para a participação efetiva do povo preto. Fomos e assim somos negados a participar do projeto de construção desse país.
Mas mesmo assim, nós, povo Preto, nos organizamos para realizar muitas revoltas para a real independência e a real liberdade nesse país chamado Brasil.
Fonte Rede Brasil Atual
