A leitura, 45 anos depois da primeira Carta aos Brasileiros, demonstra que os direitos do regime democrático, além de ameaçados, não chegaram a toda a sociedade.
Assim como a política e a democracia do país, o clima na manhã deste 11 de agosto na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) era instável, alternando garoa e aberturas de sol. Mas não choveu das 12h17 às 12h23, os seis minutos necessários para a esperada leitura da Carta às brasileiras e brasileiros em defesa do Estado de Direito, que até as 17h30 estava com 976 mil assinaturas. Com homenagens aos 21 remanescentes da Carta original, de 1977, três brasileiras e um brasileiro, brancos e negras, se revezaram na leitura, avisando que “no Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários”.
Os escolhidos foram as professoras Eunice de Jesus Prudente e Maria Paula Dallari Bucci, o ex-ministro Flávio Bierrenbach e a vice-diretora da faculdade, Ana Elisa Bechara. Enquanto o músico Emiliano Castro dedilhava o violão, eles leram o texto – que, ao mesmo tempo em que alerta para o “imenso perigo atual”, faz paralelo com a tentativa golpista ocorrida em 2021 nos EUA.
Não vão conseguir
“Lá não tiveram êxito. Aqui também não terão”, afirmaram, em um dos momentos mais aplaudidos do ato realizado no pátio da faculdade, entre as Arcadas que abrigaram gerações de alunos, muitos dos quais se reencontraram hoje. Entre os signatários do documento de 1977, estavam presentes os ex-ministros (Justiça) José Gregori e José Carlos Dias, além do próprio Bierrenbach e de Maria Eugênia.
Fonte: Rede Brasil Atual
